A música soava bem afinal, ele ainda tentou explicar sobre a melodia, mas o que de fato marcou foi a poesia que cabia ali. A poesia que ela acompanhou permitindo crescer em si a admiração pelo poeta que se desculpava por não saber cantar (sem saber que assim se contradizia), admiração que depois não saberia como sufocar.

Ele vinha tão cheio de criticas e opiniões, falava sobre o mundo e por vezes eles apenas discutiam sobre os mundos que criavam. E eram mundos de magia e admiráveis vilões. E havia tanto para falar que ela esperava que o tempo demorasse um pouco mais para passar.

Ela percebeu que o coração acelerava conforme o tempo passava e os dias esgotavam. Encontrarem-se todos os dias era exceção, afinal, apenas uma semana especial. Pensou em se declarar, mas hesitou e se permitiu apenas esperar.

Outra semana veio, ela disse tudo o que sempre quis dizer para ele, mas disse para um pedaço de papel agora amassado, jogado em um canto qualquer. Pensou em seu rosto antes de dormir e nas memórias daqueles dias a cada dia mais distantes. Já não lembrava o que a letra da música dizia, talvez falasse em fim do mundo e solidão.

Ela já não sabe dizer há quanto tempo foi, quantos meses ou semanas se passaram. E sem perceber aos poucos fez daqueles dias um conto de fadas particular e sem final.

Ele não era um príncipe, ela também não era princesa. Eram apenas poetas, integrantes de uma corte sem realeza.




Obs. Cinese: agitação da alma.

Obs. Conto escrito em algum momento da segunda metade de 2013. Inspirado em G.M., dedicado a ele portanto, mesmo que tal paixão sempre tenha sido platônica.



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  1. Hericatz, esse nem tinha lido, muito suave, poético, mas também forte, possessivo, pulsante. Ou seja, texto muito amor: literalmente

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