O vento imundo que aqui sobrevive
Veio das montanhas geladas,
De terras quase imaculadas,
Ao extremo sul, onde jamais estive.
A brisa que vejo espalhar o lixo,
Por quantas terras terá passado?
Talvez Icebergs tenha moldado.
E neste começo de verão
Vejo restos de vidas soprados.
Anotações, números e latas rejeitados.
A cidade não é bela então.
Nada é belo por aqui agora,
Há apenas pedaços de poluição.
E ruínas do que foi outrora.
Nem a música alta me atinge
Nem a promocional cor vibrante
Tampouco a miséria chocante.
E um dia chuvoso não me aflige.
Escolho melodias esquecidas.
Prefiro cores quase naturais,
Sofrimento é parte de rotinas perdidas.
Então apenas caminho contra o vento,
E o mundo da selva-de-pedra ignoro
Como se fosse o último, vivo este momento,
Ao caminhar, poesias inventadas decoro.
Caminho para casa, numa indesejada rotina,
Quem dera fosse até onde nasce o vento.
Onde as cores não se repetem a cada esquina.
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Cronologia,
Poesias